Mônica Alcantara de Oliveira Santos, Professora Instrutora da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Doutorado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Equilíbrio é um substantivo masculino que, entre outros sinônimos, significa estabilidade, autocontrole, comedimento. Há muito se sabe que a busca pelo equilíbrio corporal e da tontura implica em adotar uma dieta comedida, controlada, equilibrada.
Dentre as principais orientações dadas a pacientes com labirintopatias está a restrição de cafeína. Acredita-se que a cafeína age sobre a orelha interna de diversas formas: aumento da liberação de cálcio intracelular; antagonismo de receptores adenosínicos, levando à neuroestimulação; vasoconstrição, diminuindo a perfusão labiríntica e cerebral. É discutida a quantidade adequada de cafeína que poderia ser consumida diariamente. Apesar de existirem poucas evidências científicas, a maioria dos autores sugere que o consumo de até três xícaras de café filtrado (240 mg) por dia não seja prejudicial.
A relação das labirintopatias com distúrbios metabólicos é algo já bem conhecido e estabelecido, assim, é recomendada a dieta com adequado consumo de açúcar e gordura. Os estudos que avaliaram pacientes com tontura e elevada taxa de colesterol observaram que a grande maioria dos indivíduos acometidos apresentava outro fator de risco para doença vestibular. Sendo assim, a causalidade direta e exclusiva entre lipídeos e tontura não está cientificamente estabelecida.
O metabolismo dos açucares e da insulina, que participam na produção de ATP e no funcionamento da bomba de sódio e potássio, foram exaustivamente estudados. Grandes gastos energéticos são necessários para manter as altas concentrações de potássio e baixas concentrações de sódio na endolinfa. Sendo assim, o hiperinsulinismo determina prejuízo nas funções de toda a orelha interna. Essa disfunção pode ser documentada eletrofisiologicamente pela diminuição do microfonismo coclear e, clinicamente, como tontura e zumbido.
A dieta com suplementação pode trazer benefícios para alguns pacientes com labirintopatias. Alguns autores têm avaliado o uso de ômega 3 como profilaxia para migrânea vestibular, observando redução na frequência, duração e severidade das crises. Embora sejam resultados preliminares, o uso da associação do ômega 3 ao ácido valpróico apresentou melhor desempenho que a droga usada isoladamente. A vitamina B2 (riboflavina) também apresentou bons resultados na profilaxia da enxaqueca, com efeitos comparáveis aos do ácido valpróico.
Outra associação bem descrita ocorre entre o metabolismo do cálcio e a vitamina D com os quadros de VPPB (vertigem posicional paroxística benigna). Inicialmente acreditava-se que apenas pacientes com osteoporose teriam um risco maior de desenvolver a doença. Hoje, a diminuição do cálcio e a deficiência de vitamina D são considerados fatores predisponentes da doença, mesmo nos indivíduos sem osteoporose. A importância da associação fica evidente nos casos de recorrência e persistência, quando é preciso considerar a pesquisa de hipovitaminose e a suplementação de vitamina D.
Inevitavelmente, os estudos apontam o que o conhecimento popular já ditava: uma dieta adequada e comedida leva ao saudável equilíbrio do indivíduo ou, no caso das labirintopatias, a um equilíbrio saudável.
REFERÊNCIAS