Professor Doutor Yotaka Fukuda (1945-2010)

dr futaba

Por Daniela Cristina Janolli Sanchez

Em 1966 o Dr. Yotaka Fukuda deu início a uma memorável carreira ao iniciar seus estudos na Escola Paulista de Medicina. Lá permaneceu durante a graduação e completou sua residência em otorrinolaringologia entre 1972 e 1974. Seu próximo passo na vida acadêmica foi a pós-graduação médica, em que desenvolveu sua tese trabalhando com os distúrbios do metabolismo do açúcar até 1982, quando recebeu seu título de doutorado.

Dedicou-se à otologia e ao estudo dos potenciais elétricos auditivos. Persistiu em seu trabalho com o metabolismo dos carboidratos, pesquisa pioneira no tema e que deu origem a uma linha de pesquisa que culminou com seu livro “Açúcar: Amigo ou Vilão?” publicado em 2003.

Deu continuidade à sua vida acadêmica e, em seu concurso de Livre Docência, estudou a audiologia eletroencefalográfica com especial atenção aos potenciais cognitivos – o P300. Seu talento e dedicação ao assunto o manteve na liderança da clínica e da pesquisa desses potenciais na Escola Paulista de Medicina.

Suas habilidades não se limitavam à pesquisa: repartiu com o Prof. Dr. Pedro Luiz Mangabeira Albernaz a cirurgia pioneira do primeiro implante coclear no Brasil em 1977 e atuou em inúmeras intervenções cirúrgicas. Segundo o Prof. Pedro, Yotaka era um mestre na dissecção dos tumores do ângulo ponto-cerebelar, habilidade aperfeiçoada no Instituto House em Los Angeles.

Orientou pesquisadores em seus mestrados e doutorados, estimulando-os e ensinando-os incansavelmente. Atuou e desenvolveu a habilidade de inúmeros residentes de otorrinolaringologia que ensinou e acompanhou durante sua vitoriosa carreira. Deixou um legado de discípulos, cirurgiões, otologistas, otoneurologistas e eletrofisiologistas e, principalmente, um legado pioneiro na pesquisa como uma referência para Otorrinolaringologia brasileira e mundial.

 

Professor Doutor Sergio Albertino

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por: Máriton de Araújo Sousa Borges

Oitavo filho de Senhor Nazareno e dona Maria da Glória, Dr. Sérgio Albertino nasceu em Nova Friburgo, cidade do interior do Rio de Janeiro. Desde muito cedo almejou a medicina como profissão e diz jamais ter pensado em fazer outra coisa. Apesar da distância entre Nova Friburgo e a então capital nacional ser de apenas 136 km, a cidade carecia de otorrinolaringologistas. Dr. Sérgio conta que na sua juventude havia apenas um especialista da área em sua cidade natal e que isso o motivou a escolhê-la.

Decidido a enveredar pelos labirintos de ouvido, nariz e laringe, iniciou residência médica em janeiro de 1973 no Hospital Universitário Antônio Pedro pela Universidade Federal Fluminense. No entanto, a vida de residente para aquele aluno exemplar não durou muito. Dois meses após iniciada a residência, foi convidado a ser professor auxiliar na própria Universidade Federal Fluminense. Manteve-se como professor na cadeira de otorrinolaringologia até 1994.

Poe receber uma série de pacientes otoneurológicos mal conduzidos, cedo decidiu direcionar seus estudos para a tontura e o zumbido. Participou de vários cursos de aperfeiçoamento pelo mundo e se tornou voz ativa e influente dentro da otoneurologia brasileira. E a influência, claro, também se fez em casa. Seu único filho, Rafael Saba Albertino, seguiu os caminhos do pai, tornou-se médico e escolheu a otorrinolaringologia como especialidade.

Trabalhando em um dos pontos de fronteira entre otorrino e neurologia, o Dr. Sérgio passou a atuar na disciplina de neurologia no ambulatório de cefaleias como professor adjunto da sua eterna UFF. Mestre em otorrino, doutor em neurologia, atleta diário e fã de automobilismo, Dr. Sérgio Albertino pode olhar para trás e reconhecer o sucesso de sua longa e admirável jornada dentro da medicina. Uma carreira coroada pela formação de bons médicos, hoje espalhados pelo Brasil.

Professor Doutor Pedro Luiz Mangabeira Albernaz

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Por: Daniela Cristina Janolli Sanchez

Natural de Campinas, Pedro Luiz Mangabeira Albernaz formou-se em Medicina pela Escola Paulista de Medicina em 1955, faculdade que tem seu pai como um de seus fundadores. Realizou seu mestrado em Otorrinolaringologia pela Washington University em Saint Louis (1960) onde atuou em pesquisa e na prática clínica. Retornou à EPM em 1961 como professor assistente e tornou-se Professor Titular de Otorrinolaringologia cinco anos depois.

O Prof. Pedro Luiz Mangabeira Albernaz deixou sua marca na história da otorrinolaringologia brasileira. Participou ativamente na criação da residência médica de otorrinolaringologia da Escola Paulista de Medicina, assim como do curso de fonoaudiologia e da pós-graduação em Otorrinolaringologia e em Distúrbios da Comunicação Humana. Pioneiro na cirurgia otológica, realizou a primeira cirurgia translabiríntica do país para exérese de neurinoma do acústico em 1964; a primeira derivação endolinfática-subaracnóide para Doença de Menière em 1965 e o primeiro implante coclear em 1977. Organizou o primeiro um curso de cirurgia otológica no Brasil a transmitir operações ao vivo por meio de um sistema de televisão no ano de 1965.

Foi um dos fundadores e presidiu a Sociedade Brasileira de Otologia (1973-1977) e a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (1982- 1984). Fundou a Associação William House de Otologia no ano de 1975. É um dos dez sócios honorários da American Otological Society e membro do Collegium Oto-Rhino-Laryngologicum Amicitiae Sacrum, do qual foi presidente de 2004 a 2006.

Publicou cerca de 500 trabalhos Brasil e 120 no exterior, inúmeros capítulos de livros e 16 livros. Acompanhado pelo Prof. Yotaka Fukuda, foi o primeiro a descrever a associação entre os distúrbios do metabolismo dos carboidratos e alterações no equilíbrio, marco importante da otoneurologia.

No ano de 2015 recebeu o título de Professor Emérito pela Escola Paulista de Medicina, justo reconhecimento por sua dedicação à sua faculdade de origem e ao crescimento da otorrinolaringologia brasileira.

Ainda hoje o Prof. Mangabeira participa ativamente de cursos e congressos no Brasil e exterior. A otoneurologia brasileira muito se orgulha de seu trabalho, que leva o nome do nosso país por todos os serviços do mundo.

Professor Dr. Maurício Ganança

 

por Maurício Ganança e por Ítalo Medeiros

O filho de sr. José e da sra. Mafalda nasceu na cidade de Santos no estado de São Paulo. José, um português naturalizado e Mafalda, uma brasileira com ascendência italiana batizaram seu único filho como Maurício.

Naquela cidade do litoral paulistano ele parece ter vivido uma infância/adolescência sossegada e feliz. Mas, foi na capital do estado, onde se firmou profissionalmente e gerou sua grande família.

Não é difícil falar com carinho do Dr. Maurício Ganança.

Um homem de voz tranquila, sorriso discreto e olhar seguro.

Um médico apaixonado pela otoneurologia com uma bagagem (diria, contêiner) de experiências humanas e profissionais dignas de notas altas e elogios.

Era assim que o via (e ainda o vejo) quando por aqui cheguei. Quando me atrevi a desenvolver o meu olhar na otoneurologia.

Sempre tive a curiosidade de saber um pouco mais sobre ele.
E fiquei feliz quando fui solicitado que o entrevistasse.

E é por ele próprio, que descubro suas histórias.

Ítalo: Como vc era quando criança? Que brincadeiras mais gostava? Qual foi a maior peraltice?

Mauricio: Era uma criança essencialmente tranquila, que gostava muito de ler, a exemplo da minha mãe. Gostava de jogar futebol. Não me lembro de nenhuma peraltice, era bem comportado…

Ítalo: Como era o Maurício – aluno? Falo da época do colégio aqui…

Maurício: Sempre estudei muito, procurando estar entre os primeiros das classes. Continuei sendo comportado na adolescência, inclusive tendo ganhado uma medalha como o aluno mais bem comportado da escola em determinado ano, pelo que fui muito vaiado por todos os outros colegas ao recebê-la…

Ítalo: Quando se mudou pra cá e por que?

Maurício: Mudei para São Paulo em 1958, para fazer cursinho para Medicina.

Ítalo: Quantos filhos?

Maurício: Quatro filhos (Fernando, Marcelo, Sílvia e Cristina) e 12 netos. Fernando, otorrinolaringologista, Cristina, fonoaudióloga, e minha esposa Heloisa, fonoaudióloga, trabalham comigo na equipe do Setor de Equilibriometria do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo.

Ítalo: Quando resolveu que iria ser médico? E por que? Quais foram suas motivações?

Maurício: Antes de pensar na Medicina, queria ser biólogo e desde a adolescência já gostava de fazer pesquisas nesta área, depois de ganhar dos meus pais um microscópio e material de laboratório. Motivado por colegas do cursinho, resolvi prestar exame vestibular para Medicina.

Ítalo: onde cursou a Medicina?quando?

Maurício: Ingressei na UNIFESP-EPM em 1959.

Ítalo: Como foi a faculdade? E porque escolheu Otorrino?

Mauricio: Depois de atendido várias vezes pelo saudoso Prof. Dr. Ângelo Mazza, devido a uma faringite crônica, a partir do 4º ano passei a frequentar as atividades do Ambulatório de Otorrinolaringologia, sob a supervisão deste professor e recebendo também os primeiros ensinamentos do Prof. Dr. Paulo Mangabeira Albernaz. Ainda como aluno da graduação em Medicina, meu interesse inicial foi a Rinologia, seguindo a orientação do Prof. Mazza, participando de diversas investigações científicas que resultaram em apresentações em congressos da especialidade e publicações em nosso meio.

Ítalo: Onde fez A sua formação em Otorrino?

Maurício: A minha formação em Otorrino foi continuada na Disciplina de Otorrinolaringologia da UNIFESP-EPM, após a minha formatura nesta instituição em 1964.

Ítalo: Como foi parar na otoneurologia? Como foi o começo dessa sub-especialidade (área de atuação) no Brasil?

Maurício: Em 1964, a Disciplina de Otorrinolaringologia passava por processo de reorganização pelo Prof. Dr. Pedro Luiz Mangabeira Albernaz. Nesta ocasião, o Prof. Pedro Luiz convidou-me a participar da avaliação otoneurológica de pacientes ambulatoriais incluídos em pesquisa científica que resultaria na sua tese de Docência Livre. Simultaneamente, também participei das avaliações otoneurológicas de pacientes do saudoso Prof. Nelson Álvares Cruz, no Hospital São Paulo. Os ensinamentos destes dois professores foram fundamentais para a minha formação e meu desenvolvimento nesta área. Posteriormente, como assistente voluntário, continuei a participar de atividades otoneurológicas. Paralelamente, ingressei em 1965 no Hospital Municipal de São Paulo, desenvolvendo a secção de otoneurologia na Clínica Otorrinolaringológica, onde permaneci até 1979. Em 1989 foi criada uma Disciplina de Otoneurologia, onde participei de diversos trabalhos científicos apresentados e publicados no Brasil e no exterior. Na época, os Profs. Lázaro Gilberto Formigoni, Marcelo Calábria e Marco Aurélio Bottino também desenvolviam as atividades otoneurológicas no Hospital das Clínicas e na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ítalo: Como enxergar a otoneurologia hoje no Brasil? E no Mundo?

Maurício: Enxergo com muita satisfação o grande progresso da otoneurologia no Brasil e no Mundo, com o avanço dos recursos tecnológicos e principalmente com a preocupação e dedicação dos otorrinolaringologistas e neurologistas na aquisição de novos conhecimentos sobre as vestibulopatias periféricas e centrais e as formas de diagnosticá-las.

Ítalo: Quem foram seus Gurus? O ético? O Profissional? O espiritual?

Maurício: Espelhei-me em meus mestres na especialidade, Profs. Angelo Mazza, Nelson Cruz e Pedro Luiz Mangabeira Albernaz para nortear as minhas condutas. No dia-a-dia, também aprendi muito com meus filhos Fernando e Cristina, minha esposa Heloisa, e com os colegas Roseli Bittar, Marco Aurélio Bottino, Sérgio Albertino, Raquel Mezzalira e Mário Greters, especialmente durante profícua atuação da nossa equipe no Departamento de Otoneurologia da ABORL-CCF, em passado recente.

Ítalo: Como enxerga a política hoje no Brasil?

Maurício: Polêmica e preocupante.

Ítalo: O que você diria hoje para esses novos profissionais médicos sobre ética? E sobre a ciência?

Maurício: Recomendo aos novos colegas seriedade, honestidade e dedicação para obter a conduta diagnóstica e terapêutica mais adequada para cada paciente, respeitando os princípios éticos da medicina. A atualização constante dos conhecimentos na área de atuação é fundamental.

Ítalo: O que você gostaria de ter feito e não fez ainda na sua vida?

Maurício: Tenho procurado fazer o que eu gosto. Não me recordo de nenhuma aspiração não realizada.

Ítalo: O que você teria feito diferente do que fez?

Maurício: Nada.

Ítalo: Qual foi a coisa mais bacana que você fez em sua vida até hoje?

Maurício: Certamente a carreira universitária, onde consegui fazer dois doutorados, docência livre e obter os títulos de Professor Adjunto e posteriormente de Professor Titular. E, sem dúvida, também a oportunidade de realizar muitas pesquisas otoneurológicas juntamente com os meus professores e vários colegas da Disciplina de Otoneurologia desta instituição, que resultaram em diversos artigos publicados e apresentações em congressos e cursos em nosso meio e em outros países.

Ítalo: E o momento mais impactante de sua vida?

Maurício: Minha vida teve vários momentos especiais, mas foi muito impactante o recebimento no ano de 2000, do Prêmio Tato-Claussen da Neurootological and Equilibriometric Society, Bad Kissingen, Germany, pela contribuição ao desenvolvimento da otoneurologia.

Ítalo: Qual lugar do mundo mais te encantou? E por que?

Maurício: Muitos lugares no mundo me encantaram, mas três merecem menção especial: os parque naturais de Plitvice (Croácia), pela incrível exuberância da paisagem rica em lagos e cascatas; Arches e Brice, pela maravilhosa diversidade morfológica de suas estruturas rochosas (Utah,USA).

Ítalo: Você já ajudou na formação de vários médicos ORL. O que você aprendeu com eles? E tantos anos depois o que você gostaria de dizer a eles que talvez não tenha dito.

Maurício: Ensinando, aprendi muito, pois sempre procurei preparar-me da melhor forma possível para os muitos cursos nos quais participei. Por outro lado, muitos alunos destes cursos também compartilharam comigo suas experiências pessoais, contribuindo para melhorar a prática das minhas atividades otoneurológicas. Gostaria de dizer ou de repetir a eles o quanto é importante a atualização dos conhecimentos, para o que é necessário estudar sempre. O contato frequente em cursos e congressos com outros colegas que atuam na mesma área, para aquisição de novos conceitos ou aprimoramento de condutas, é também altamente desejável.

Ítalo: Tem algum projeto de vida em mente? O que ainda está na esfera dos seus sonhos; mas você acredita que vai viabilizar?

Maurício: Na minha mente e em meus sonhos, projeto por muito tempo o prosseguimento das minhas atividades profissionais e científicas, a convivência com meus familiares e que possa continuar contribuindo para a formação dos colegas na Disciplina de Otologia e Otoneurologia da UNIFESP-EPM ou em cursos e congressos.

É isso mesmo, querido Dr. Maurício!

A todos nós, otorrinos desse país resta torcer e rezar para que esse projeto de vida se mantenha firme e produtivo.

Ainda temos tanto, mas tanto a aprender contigo. Que seus ensinamentos possam chegar em vários cantos desse enorme Brasil.

Como você apropriadamente falou: a tecnologia avança na otoneurologia. Mas a ética médica necessita ser revisitada e aprendida a cada dia. E precisamos de homens como vossa senhoria, que com seu comportamento e austeridade nos ensinam que tudo isso vale (e valeu) a pena. Que acreditou na ciência mesmo quando a otoneurologia ainda engatinhava.

Pobre somente são aqueles alunos, que o vaiaram na escola.
Hoje eles engoliriam a seco (e com vergonha) cada palavra proferida. E claro, o aplaudiriam de pé e com todo respeito. Como todos nós agora o fazemos.

Obrigado por tudo isso.

Por todo esse encantamento e orgulho pela nossa profissão.

Professor Dr. Edigar Rezende de Almeida

 

Por: Professor Dr. Marco Aurélio Bottino

Nasceu Edigar Rezende de Almeida a treze de fevereiro de 1939 em Santo Antônio da Alegria pequena cidade próxima a Batatais, interior de São Paulo. Foram seus pais Deolindo Antero de Almeida e Anésia Rezende de Almeida:ele fazendeiro e ela tinha o lar e seis filhos a seus cuidados.Fez seus estudos, primário em Santo Antônio e o secundário em Batatais.Por pregação de seus pais e influenciado por primos médicosformou-seem medicina na Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto em1966.Inspirado pelo Dr. Luiz Cândido Alves, otorrinolaringologista de Batataisporquemnutria especial admiração, foi para São Paulo e estagiouna Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da FMUSP em 1967.

Em 1968 foi aprovado em concurso para médico assistente da Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas.Nesse mesmo ano casou-se com a pedagoga Marilda Garcia Alves com quem teve três filhos. No ano de 1971 apresentou sua tese de doutorado como tema: “Cultura das secreções da orelha média e da rinofaringe” e alcançou o grau de Doutor emMedicina.Em 1974 estagiou na Universidade de Bordeaux com bolsa do governo francês e dedicou-se ao estudo da Eletrofisiologia da audição e do Anel linfático de Waldeyer. Foi pioneiro no país em eletrofisiologia da audição, atuação que ainda hoje mantém junto à Otorrinolaringologia da FMUSP.

Intensas e profícuas foram suas atividadesprofissionais e de ensino;foi professor das faculdades de medicina da USP de São Paulo e de Ribeirão Preto, e um dos organizadores do curso de Fonoaudiologia que deu origem a Faculdade de Fonoaudiologia da USP. Atuou como médico otorrinolaringologista de várias instituições públicas e particulares.Como acadêmico, publicou muitos trabalhos na especialidade e escreveu inúmeros capítulos em livros e tratados.Orientou diversas teses de doutorado e compôs bancas de concursos e teses.Sua personalidade circunspecta, suas atitudes ponderadas, seu riso franco e matreiro, exímio esquadrinhador de teses e textos dando orientação equilibrada a vários de seus alunos entre os quais me incluo,são aspectos salientes de seu caráter.

No entanto, sua vida profissional e acadêmica não o afastou de suas origens agrícolas, pois paralelamente à sua atividade médica cuidou e ampliou seus limites agropecuários com a pecuária e o plantio do café.

Podemos do exposto, atestar que o professor Edigar teve e tem uma vida vitoriosa.Todos que o conhecem sabem com que estoicismo atravessou a perda prematura de seu filho, seu porvir e mesmo em meio à dor permaneceu conosco. Colega respeitado, admirado e querido por todos.

Professor Dr. Marco Aurélio Bottino

 

Por: Prof. Dr. Edigar Rezende de Almeida

Natural de São Paulo, vem de uma família italiana constituída de vários irmãos, todos com formação universitária. Fez seu curso primário e colegial no “Liceu Coração de Jesus” e cursou medicina na “Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu”  de 1965 a 1970. Marco Aurélio Bottino é cultor da Língua Portuguesa desde sua formação acadêmica, tendo sido presidente da Academia de letras Dom Aquino Correa em 1959.

Entrou na residência de O.R.L. no Hospital das Clinicas da USP em 1971 e em maio de 1973 foi aprovado em concurso na clínica ORL do HC da USP como médico assistente. Desde seu início na disciplina mostrou interesse pela otoneurologia, acompanhando e trabalhando com o Pr.  Dr. Lázaro Gilberto Formigoni. Acompanhou o Professor Formigoni não apenas no Hospital das Clínicas, mas também no Instituto de Moléstias de Ouvido, Nariz e Garganta (IMONG) onde contava a parceria do Dr. Antônio Francisco Gobbi.

Marco Aurélio Bottino fez sua pós-graduação no setor de Otoneurologia da disciplina de ORL do Hospital das Clínicas da FMUSP. Fez seu mestrado com o tema “Técnicas de Pesquisa do Nistagmo de Torção Cervical e Estudo Comparativo entre Indivíduos Normais e Portadores de Síndrome Cervical” em 1985 e doutorado com o título “Pesquisa do nistagmo de privação vertebrobasilar” em 1991. Nesse período assumiu aulas nos cursos de Medicina, Fonoaudiologia, no Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP e na Faculdade de Odontologia da USP. Sempre exerceu sua atividade didática com muito esmero e critério, participando de muitas atividades na área de otoneurologia, bem como de capítulos de livros didáticos na especialidade.

Marco Aurélio Bottino participou de um grande número de congressos, simpósios e cursos de otoneurologia. No ano de 2009 fundou, juntamente com os otoneurologistas Maurício Ganança, Roseli Bittar, Fernando Ganança e Mario Greters, o Departamento de Otoneurologia da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Crânio Facial (ABORL-CCF) Brasileira de Otorrinolaringologia. Foi seu coordenador durante o ano de 2011 e iniciou com o grupo a divulgação da otoneurologia pelo país, ministrando cursos e divulgando experiências.

Marco Aurélio Bottino, sempre muito educado, elegante e gentil, conquista a simpatia de todos os colegas, bem como de seus pacientes. Após a aposentadoria do professor Lázaro Gilberto Formigoni, a otoneurologia do HC segue seu crescimento e sua continuidade. A Otoneurologia do Hospital das Clinicas Conta hoje com a tutoria do Dr Marco Aurélio Bottino e a presença de seus assistentes Dra Roseli Bittar, Dr Italo Medeiros e Dra Jeanne Oiticicca. Com dedicação, disciplina e trabalho sério, a equipe se destaca na otoneurologia brasileira, formando colegas que se espalham por todo Brasil e exterior.

A nossa clínica sente-se orgulhosa do trabalho realizado pelo grupo da Otoneurologia. Parabéns.

Professor Doutor Oscar Antônio Queiroz Maudonnet

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Oscar Antônio Queiroz Maudonnet, nascido em Campinas no dia 05 de novembro de 1.940, falecido em 29 de abril de 2.007. Casado com Maria Beatriz Nogueira Maudonnet (“Dona Bia”) são seus filhos Eduardo, Eloísa e Ricardo.

Formado pela Universidade Federal de São Paulo (antiga Escola Paulista de Medicina) em 1.969, trabalhou como médico assistente do Professor Maurício Malavazi Ganança e estagiou no Setor de Labirintologia da UNIFESP.

Foi o primeiro residente de Otorrinolaringologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e, ao término de seu treinamento, tornou-se docente da disciplina e responsável pela área de Otoneurologia.

Em 1.972 iniciou seu trabalho no Instituto Penido Burnier, onde foi responsável durante quase 30 anos pelo serviço de Otoneurologia.

Em 1.975 defendeu seu doutorado na Unicamp cujo tema foi “Da estimulação calórica bilateral simultânea: estudo eletronistagmográfico”.

Complementou sua formação na Faculdade de Medicina da Universidade Louis Pasteur em Strasbourg.

Membro da Neurootological and Equilibriometric Society (GNA-NES), participou ativamente de uma série de meetings.

Em 1.999 publicou o livro “Avaliação Otoneurológica”.

Durante a sua atividade profissional dedicou-se, entre outras coisas, à pesquisa, ao estudo e ao ensino da Otoneurologia e contribuiu de maneira decisiva na formação de vários profissionais, entre médicos e fonoaudiólogos ligados a esta área.

Como alunas que fomos, gostaríamos de deixar na forma desta pequena biografia, nossa homenagem sincera.

A ele, o nosso respeito, a nossa admiração e o nosso muito obrigada.

 

Raquel Mezzalira e Marcia Bilécki

 

Professor Doutor Nelson Alvares Cruz

Dr Nelson Cruz

Nelson Alvares Cruz nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 24 de julho de 1921. Iniciou o curso primário no Rio de Janeiro e o terminou em São Paulo no Liceu Franco-Brasileiro (atual Liceu Pasteur), onde também concluiu o curso secundário. Fez o curso de Medicina na Escola Paulista de Medicina.

Em 1952, foi com Bolsa de Estudos para a França, tendo estagiado na Faculdade de Medicina de Paris em Otoneurologia com o Professor Maurice Aubry. Durante seis meses, trabalhou em Otoneurologia na Clínica Neurocirúrgica do Hôpital Pitié-Salpêtrière, tendo estagiado também nesse período com o Professor  Paul Pialoux do Hôpital  Lariboisi -ère. Aubry e Pialoux eram Otoneurologistas de renome internacional. No segundo semestre desse mesmo ano, procurou conciliar o estágio em Otoneurologia com o de Audiologia, feito na Companhia Francesa de Audiologia, sob a coordenação de J.E.Fournier.

Em 1953, de volta ao Brasil, iniciou sua atividade na disciplina de Otorrinolaringologia da Escola Paulista de Medicina e com o decorrer do tempo foi criado o setor de Otoneurologia sob a sua responsabilidade. Ministrou curso prático permanente de Otoneurologia no Hospital São Paulo-Escola Paulista de Medicina de 1968 a 1972. Formou discípulos ,dentre eles o Dr. Maurício M. Ganança, que  foi o que mais se destacou nessa área. O Professor Nelson Cruz ministrou muitos cursos de Otoneurologia pelo país, principalmente na década de 1959 a 1969, procurando difundi-la. Esses cursos foram ministrados durante vários dias no Rio de Janeiro em 1959 e anualmente de 1962 a 1965, no Rio Grande Sul, na Universidade de Santa Maria em 1963 e em 1964 na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, em 1963 no Paraná, na Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná, em 1968 em Brasília e em 1969 no II Simpósio Ibero-Americano de Otoneurologia em São Paulo. Grande parte de sua produção científica foi voltada para a Otoneurologia. De 1959 a 1965, publicou vários trabalhos no Brasil e no exterior (França) como único autor. Destacamos o trabalho “Semiologia vestibular dos processos mórbidos sediados no ângulo ponto-cerebelar e no tronco cerebral’’ (único autor), laureado com o prêmio Mário Otonni de Resende em 1957 pela Associação Paulista de Medicina e publicado pela Revista Brasileira de Otorrinolaringologia em 1962. A partir de 1965, continuou produzindo muitos trabalhos em Otoneurologia e muitos deles com o Dr Maurício M. Ganança. Em 1962, foi com Bolsa de Estudos para a França para a Faculdade de Medicina da Universidade de Bordeaux (serviço do Professor Georges Portmann) para se aprimorar em Otologia e de volta ao Brasil passa a desenvolver a cirurgia otológica e formar vários médicos, vindos de diferentes estados do Brasil e mesmo do exterior para estágio no Hospital São Paulo(EPM). Nessa época, eram poucos médicos que operavam ouvido e formou muitos Otologistas.

Tornou o setor de Otoneurologia da Escola Paulista de Medicina o mais importante e respeitado do país, pois foi um dos pioneiros nesse ramo da Medicina no nosso meio. Fez concurso de Livre-docência em 1966 na Escola Paulista de Medicina e em 1978 para Professor Titular dessa mesma escola. Exerceu a função de Professor Catedrático na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP de 1967 a 1971. Durante o período que prestou serviço a essa faculdade despertou o interesse do chefe do Laboratório de Bioacústica, Prof. Dr Ricardo Marseillan, da Fisiologia, na instalação de registro nistagmográfico, para exame do labirinto posterior da cobaia, completando-se dessa forma  o estudo de todo o labirinto. Em 1979, ganhou o prêmio Eduardo de Moraes, da Academia Nacional de Medicina, com trabalho sobre tumores malignos das orelhas externa e média. Fez conferências sobre esse tema em Paris, elogiadas por vários professores franceses.

Foi Professor das faculdades de Medicina de Ciências Médicas de Santos e da Fundação do ABC. Foi condecorado pelo Ministério da Educação da França em 1981, com o título de Chevalier des Palmes Académiques. Foi membro emérito da Academia de Medicina de São Paulo , vice-presidente da Sociedade de Otologia(1974-1977) e presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia(1986-1988). Deixou um grande legado para a Medicina Brasileira em Otoneurologia e em Otologia, sendo uma grande referência nessas áreas em nosso país.

Dr. Nelson Álvares Cruz Filho

Professor Doutor Lázaro Gilberto Formigoni

Foto Prof Formigoni

Professor Doutor Lázaro Gilberto Formigoni

 

Nascido em Promissão, estado de São Paulo em 27 de outubro de 1931. Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP em 1956. Freqüentou a residência médica  em Otorrinolaringologia e Oftalmologia no Hospital das Clínicas em São Paulo. Ao término da residência exerceu a Otorrinolaringologia e Oftalmologia na cidade de Garça, onde permaneceu por dois anos. De volta a São Paulo iniciou trabalho voluntário no Hospital das Clínicas na Clínica de Otorrinolaringologia e Oftalmologia. , sob orientação dos Professores Prudente Correa e Paulo Braga. Nessa época iniciou sua atividade privada como médico assistente no consultório do Prof. Correa, otorrinolaringologista de grande projeção na área.

Foi admitido como médico assistente na Clínica de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP em 1963 e em meados da década de 60 foi designado para organizar e coordenar o Ambulatório de Otoneurologia do HCFMUSP ao lado do Dr. Marcelo Calábria. No ano de 1972 defendeu sua tese de doutorado, intitulada “Eletronistagmografia por estimulo rotatório pendular decrescente. Contribuição ao estudo da componente rápida, seu comportamento em infecções vestibulares periféricas sob ação do sulpiride”. Foi também nessa época que trouxe para o Brasil a primeira cadeira pendular mecânica, utilizada no atendimento de pacientes otoneurológicos do HCFMUSP por mais de 30 anos. Sempre acolhedor, conseguiu montar uma equipe competente e dedicada que formou um grande número de otoneurologistas, hoje espalhados pelo Brasil. Ingressou como Professor Assistente na Faculdade de Medicina da USP no ano de 1970, a partir de quando orientou várias teses de mestrado e doutorado, assumindo em definitivo a chefia do Grupo de Otoneurologia do HCFMUSP.

Na atividade privada trabalhou como Oftalmologista na Saúde Escolar do Estado de São Paulo, consultório particular e foi um dos sócios fundadores da Clínica IMONG, pioneira em atendimentos otorrinolaringológicos na cidade de São Paulo.

O Professor Formigoni tornou-se conhecido e respeitado em todo pais, como conhecedor da otoneurologia e por seu comportamento afável e incentivador dos mais jovens. Tem o mérito de formar o atual grupo de especialistas que continua trabalhando no hospital, pesquisando, publicando e formando novos otoneurologistas. Profissionais que se tornaram referencia em Otoneurologia, levam as marcas do Professor Formigoni e elevaram o nome da Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

O Professor Formigoni aposentou-se da Faculdade de Medicina da USP e do Hospital das Clínicas da USP em 2001, visitando e apoiando o grupo da Otoneurologia até o ano de 2003. Deixou um legado de discípulos que o mantém ainda atuante por meio do respeito ao grande mestre.

 Prof. Dr. Edigar Rezende de Almeida